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Sala de descanso no Grande Eixo - Uru to D'ni. |
- Encontrado em URU Ages Beyond MYST e em suas expansões.
- Sala de Descanso no Grande Eixo.
- Ao lado do catre e da lamparina.
- Acesso através da Trilha da Concha.
- Escrito por Richard Watson.
- Diretor do DRC D'ni Restoration Council.
- Descreve os acontecimentos recentes de sua jornada.
- Dividido em doze páginas.
- Escrito a mão sem desenhos.
- Capa de couro marrom com o nome do autor.
- Incluí alguns comentários e especulações.
- Esta tradução é livre e cabe correções se necessárias.
- Tradução e comentários por: Drica Portes.
26.12.03: Eu não posso aceitar isso. Depois de todos os esforços para manter as pessoas a salvo aqui embaixo na Caverna, ainda acontece outro acidente tirando a vida de um de nossos colegas. Isso é demais. Há anos venho me desgastando com a restauração e meios de tornar tudo mais seguro. A cautela extrema poderia ser nossa aliada, mas não foi. Não há motivo para se desesperar... Recentemente os exploradores começaram a se mostrar mais ousados, a despeito de nossos avisos e nossas normas para que todos trabalhem com uma margem de segurança, eles sempre desejam mais. Eles não compreendem o meu trabalho aqui embaixo em todos estes dez anos! E eles ainda acham que são melhores, pois são mais rápidos. Eu mesmo tentei impressioná-los com os perigos que podem existir aqui, mas não adianta, o entusiasmo alheio é incompreensível. Eles discordam das medidas de segurança.
Então
Philipe Henderson retornou depois de um ano do seu desaparecimento através do acesso aberto em
Eder Kemo, nós estávamos preocupados com ele e esperávamos que ele estivesse bem. Foi bom saber que ele estava bem, mas isso não perdoa o risco que ele correu, deixando para trás todas as instruções para manter a segurança. Agora... Depois de algumas semanas de seu retorno, ele rumou até uma área não autorizada e morreu, sendo atingido por uma parede que ruiu. Os acidentes deveriam ter parado! Começou com a morte de
Branch em 1.991 depois com a morte de
Elias em 1.993. Por causa da sua obsessão pela restauração ele descuidou da própria saúde. Agora depois de vários desentendimentos com exploradores e pesquisadores, ocorreu a morte de
Philipe Henderson. Este é o final, agora devemos parar. Não posso mais ser o responsável pela restauração, o preço é muito alto.
31.12.03: Eu não sei onde eu estou. Andei por vários túneis durante dias, não há direção a seguir, vou tentar clarear a minha mente.
01.01.04: Este primeiro de ano não foi nada feliz...
04.01.04: Eu continuo insistindo com a minha mente, não ficarei a frente deste projeto por muito tempo, talvez eu esteja iludindo a mim mesmo, como eu pude estar errado por tanto tempo? E se Jeff Zandi estiver certo?
08.01.04: Talvez a restauração tenha que seguir em uma outra direção. É difícil imaginar o que eu estou dizendo. Eu ainda estou tentando negar o que passei anos de nossas vidas afirmando, algo que fui avisado, que estávamos na direção errada. Mas há outros fatos, há várias possibilidades para seguir e elas podem levar a algo.
09.01.04: A restauração não pode continuar como eu planejei. Isto corta o meu coração, mas agora eu sei como a verdade pode ser tão profunda. Tanto tempo, tantos planos, tanto já foi feito, tanto já se foi... Eu ainda acredito, eu sempre pensarei nisto, mas deve haver outro caminho a seguir. Será que os outros membros da restauração irão entender? Talvez. Os exploradores não, eu tenho certeza. Eles não poderão ser ajudados, a restauração não poderá continuar mais depois destes eventos. Mas todo o trabalho, todo o progresso conseguido até agora... Não há palavras para descrever a minha raiva. Eu agora sei como termina tudo, como é aqui dentro. Que perda de tempo.
10.01.04: Não! Não pode ser! Alguma coisa deve nos fazer continuar com a restauração. E ainda garantir a segurança. Claro agora as pessoas verão somente a tragédia, mas tenho que reorganizar tudo. Mostrar como a precaução é importante.
12.01.04: Depressão. Eu não quero trabalhar, eu tento há meses este sentimento,
Philipe Henderson está morto, nada mudará isso.
14.01.04: Eu creio agora, que Atrus estava certo. Ele disse que a Cidade na Caverna, não podia mais ser restaurada. Durante anos eu acreditei que esta afirmação não incluía nós da superfície, que de alguma forma nós poderíamos fazer a diferença na Caverna deles. Mas ele estava certo. Eu finalmente vejo isso agora.
15.01.04: O que nós faremos agora?
16.01.04: Phil disse que deveria seguir o seu rumo e ele nós convenceu que este seria o melhor caminho. Eu preciso falar com Ikra.
17.01.04: Eu me encontro aqui, em um lugar familiar para mim, não há muito para desvendar aqui, aqui é onde muitos caminhos se cruzam, o portal, a estrutura D'ni com a descoberta humana. Um aposento onde
Ti'Ana há muito tempo trouxe seu pequeno filho
Gehn, onde
Gehn e seu único filho
Atrus, dormiram após sua longa jornada, um pequeno aposento, no cume de um enorme aposento, um pequeno lugar de repouso a beira do
Grande Eixo de Ligação, uma pausa entre o aqui e o lá.
Eu me encontro aqui. Aqui espero ter minha pausa, minha chance de ponderar, eu andei por três semanas, refletindo, remoendo, pensando, e tomando uma pausa, pausa dos cuidados da restauração, das precauções, das estruturas, das pessoas, das facções, das aflições, da vida e da morte. E agora talvez eu tenha uma ideia de como redescobrir os D'ni, como ossos esquecidos, talvez eu tenha que deixar os ossos secar para retomar o seu estudo, talvez estes ossos secos tenham mais histórias para contar, para novas descobertas. Eu ainda quero ir mais longe, ainda tenho tanto para perguntar, de alguma forma me sinto parte dos D'ni, parte do sonho, agora talvez eu entenda que preciso mais do que ossos para me contar o que houve, eu preciso de um contador de histórias, que ainda viva. E agora me sinto pequeno a beira do desconhecido. Este lugar me parece muito apropriado para recomeçar, para ter fé no desconhecido, eu irei seguir para a nova jornada. A
jornada que Phil me encorajou a seguir. A jornada, o chamado está além do meu controle, eu irei pular sobre ela e me perderei. Seguirei a jornada para lugares desconhecidos, onde o final ainda não foi escrito.
Eu seguirei o mistério de Yeesha, de alguma forma o que ela escreveu reabilitou o meu espírito, eu voltarei para a superfície para prosseguir novamente. E você meu amigo, talvez não esteja pronto para o que virá depois, sem ter a certeza de entender as dádivas que jazem em seu caminho e talvez você veja uma faísca brilhante dos acontecimentos do futuro que irão encontrar você. Eu estou apavorado, mas cheio de esperança de que os D'ni poderão agora realmente ser restaurados, e que irão viver novamente, e o contador de histórias estará vivo, pois eu serei ele...
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Visão do fundo do Grande Eixo. |
- Observações sobre o Diário:
Se você jogou
Uru to D'ni, deve ter tido a mesma sensação que eu tive: chegar ao final da jornada e acabar em um beco sem saída foi muito triste... Creio que é isso que
Richard Watson quer dizer em partes de seu Diário pessoal.
Contudo ressalto que há pontos interessantes neste texto. Por exemplo: ele chega a conclusão que seus esforços para a restauração não surtiram efeito e que talvez Atrus, em sua singela mensagem estivera todo tempo certo, é impossível restaurar algo que já está morto, a Grande Caverna é um belo lugar para ser investigado, mas não pode ser restaurado.
Sempre comento com colegas que seria ótimo ter acesso a outras partes da Grande Caverna, mas isso mostra-se impossível na programação original da exploração. Infelizmente no mundo real isso também mostra-se longe de acontecer. O jogo on-line deu mais importância a novas Eras, com o que eu concordo também, mas creio que novas áreas na Grande Caverna deveriam ter sido abordadas. Adoraria visitar com maiores detalhes áreas como J'Taeri, ou as fundações do Grande Arco. Também adoraria visitar a área chamada de Câmara das Guildas. Mas isso é feito somente em meus sonhos...
Há outros pontos interessantes:
Watson concorda com Yeesha e crê que pode iniciar uma nova jornada, quando diz que ele pode ser um novo contador de histórias. Em relação ao explorador, suspeito que ainda resta um sentimento de ter sido o tempo todo usado e ou usada pelos desejos de Yeesha, conhecer a jornada é necessário, mas o final é um tanto triste e decepcionante.
O sumiço e posterior morte de Philipe Henderson, como não poderia deixar de ser, minou o ânimo de toda a equipe. Isso muda quando Philipe retorna de sua aventura épica em locais desconhecidos. No jogo on-line o enredo leva a crer, que ele passou muito tempo com as Criaturas Bahro. Porém houve outras mortes no jogo on-line, isso foi triste também.
Na data de 16.01.04, Watson cita o nome Ikra. Quem será esta pessoa? Será um D'ni ou um outro pesquisador?
Finalmente somente iremos entender do que se trata a 'busca' e o que é o Grande Eixo na aventura
MYST V End of Ages.
Creio que o tom sombrio e depressivo do Diário também refletia, na época, a impossibilidade de manter e fazer crescer o projeto original destinado ao URU. Dificuldades tanto da empresa Cyan, como de manter a ideia central do jogo, ou seja, exploração infinita em um mundo infinito. Fico triste por causa disso. Mas creio que tudo pode ser possível no futuro, afinal a página do jogo on-line continua funcionando e talvez com a colaboração dos fãs para a confecção de novos destinos, algo aconteça afinal, torço para isso.
- Diários do DRC D'ni Restoration Council:
Estes diários são escritos por técnicos, cientistas e estudiosos da cultura e história D'ni. Eles são encontrados em diversos sítios arqueológicos espalhados pela Grande Caverna e são fontes de informações sobre a vida cotidiana do povo D'ni. Este diário em particular foi escrito por Richard Watson, pesquisador chefe e coordenador geral do DRC.
Tradução e comentários por: Drica Portes.