26 de janeiro de 2018

Diário de Gehn I

Mesa no laboratório de Gehn. MYST II Riven.

  • Encontrado em MYST II Riven.
  • Dentro do Laboratório de Gehn na Ilha Cratera.
  • Deixado sobre a mesa próximo a porta dos fundos.
  • Escrito por Gehn em Riven.
  • Descreve os esforços de Gehn para fazer um Livro de Ligação.
  • Dividido em vinte e uma páginas.
  • Escrito a mão com desenhos.
  • Capa de madeira com o símbolo da Quinta Era.
  • Incluí alguns comentários e especulações.
  • Tradução está presente no jogo.
  • Comentários por: Drica Portes.

82.02.13. A última fórmula de tinta tem provado ser um fracasso. Mesmo quando escrevo em meus Livros mais promissores obtenho somente um vislumbre da conexão. É frustrante fazer tanto esforço criando um Livro de Ligação em branco somente para acabar destruindo-o quando ele não funciona! Há dias em que o Laboratório fica miseravelmente quente por causa das chamas dessas folhas. Quanto mais refino cada elemento - a fórmula da tinta e dos papéis, as dimensões físicas dos Livros - mais eu descubro que a lista de combinações potenciais é quase infinita. É durante momentos como este que eu me desespero: sem o acesso à D'ni, meus objetivos talvez nunca sejam alcançados. Contudo, ainda existem caminhos de pesquisa para investigar.



82.05.08. Estou suspendendo a observação regular das estrelas abaixo da Fenda Estelar, mesmo que consiga rastrear a Nuvem Negra - como formação que migra através do campo estelar e provando que seus caminhos são cíclicos, sem instrumentação apropriada é inútil continuar. Minha teoria geral no que diz respeito à natureza da Fenda Estelar, permanece inalterada desde a primeira vez que ela surgiu. Parece que o material dessa Era tem se rompido de uma maneira que permite à matéria ser hospitaleiramente trocada entre dois, discretos, mas sobrepostos, espaços - muito parecido com um Elo de Ligação, mas a aparente contradição física que cerca esta junção desafia a razão lógica: a grande coluna de vento que se formou quando apareceu a primeira Fenda sugeriu um vácuo, como se é esperado no espaço, mas minhas primeiras experiências revelaram a presença de uma atmosfera respirável.


Como Atrus e Catherine jogaram-se no vácuo temos uma evidência de que talvez seja seguro passar por ela, mas sem saber sua verdadeira natureza não posso arriscar-me. É difícil também dizer o que iria acontecer se eu fosse reabrir a Fenda depois de tanto tempo - é provável que os resultados fossem catastróficos, dado às mudanças que ocorreram nesta Era desde aquele tempo. Manutenção nas tampas de ventilação do vapor completada.

83.2.10. Estou extremamente contente com o sucesso contínuo do sistema: creio que a construção tem sido igual à dos desenhos D'ni que estão na minha memória - mais um exemplo da superioridade da tecnologia D'ni. É irônico que Atrus e Catherine involuntariamente me proporcionaram uma fonte conveniente de poder.

Assim como minhas visões ao longo dos anos, minha opinião sobre a Fenda Estelar mudaram - recentemente comecei a me perguntar se a Fenda era realmente um produto inesperado das mudanças que Catherine e Atrus escreveram nesta Era durante a sua fuga. Certamente ao jogar, seu Livro de Ligação no vácuo eles me prenderam aqui muito eficientemente, mas não creio que Atrus pretendesse perder o Livro dessa maneira: muito melhor destruí-lo do que arriscar a possibilidade dele cair em mãos desconhecidas. E mais, se tivessem previsto a criação da Fenda Estelar, com certeza saberiam que o vácuo criado poderia eventualmente consumir a atmosfera deste planeta, um destino que Catherine, sem dúvida, teria achado inaceitável para a sua terra natal. 

Se eu não estivesse presente para supervisionar a construção do lacre, era isto que certamente teria acontecido, pois os aldeões estavam assustados demais para se aproximarem do furacão sem minha insistência. Continuo com a opinião de que sua escrita tenha outra finalidade e que a Fenda Estelar foi uma conseqüência não intencional: prefiro pensar que meu filho queria que esta Fenda Estelar fosse apenas uma prisão para mim, e não uma sentença de morte.


83.5.14. A construção das imagens procedia sem falhas. É interessante ver quão facilmente eu consegui adaptar a tecnologia D'ni para imitar a tecnologia dos Amad, de alguma forma as semelhanças entre as duas culturas são marcantes. Me pergunto se talvez houve comunicação ou intercâmbio entre eles em tempo passado, talvez o povo de Keta fosse até descendente dos D'ni. Me agrada pensar assim.

Nota: É possível que, se eu pudesse de alguma forma fornecer aos Livros uma fonte de poder de grandeza suficiente, eu poderia suprimir a variação o bastante para facilitar uma ligação estável. É duvidoso que o gerador geotérmico poderia criar uma onda desta grandeza - talvez eu pudesse adaptar o fogo - das esferas.

Eu estive catalogando os elementos naturais dessa Era por quase trinta anos, mas ainda continuo descobrindo evidências da preocupação dos D'ni com o número Cinco. Quando menino, ficou muito claro para mim que este número tinha uma importância especial para a sociedade D'ni - dos antigos brasões dos governantes até as casas humildes dos plebeus, ele estava em toda parte. A presença deste número é, obviamente, um reflexo direto das mentes que planejaram os textos que usei para compor esta Era - prova adicional que através de sua Arte os Mestres D'ni estavam  mesmo criando novos mundos, e não, como muitos erroneamente pensam, meras construções de Elos de Ligação, para mundos preexistentes.

Embora a maioria de minhas construções tenham sido baseadas nos desenhos D'ni, vejo agora que aqueles que coloquei o poder do Cinco são claramente os mais bonitos e perfeitos. E creio eu, são os mais completos, estruturalmente falando. Ainda estou tentando determinar como a simbologia de cores D'ni reflete este princípio superior de projeto. Mesmo que seja baseado superficialmente em um sistema de seis cores, estou convencido que há uma conexão mais profunda com o número Cinco. Continuarei investigando.

83.9.11. Finalmente realizei um grande avanço. Consegui modificar as pequenas esferas de fogo à fim de gerarem energia suficiente para manter um Livro de Ligação Descritivo em uma matriz estável: vinculei-me a um Novo Mundo! É uma Era severa e deserta - mas apesar disso é bem apropriada ao meu propósito. Então resolvi chamá-la de 233º, Era - Era Ducentésima Trigésima Terceira. Ao estudá-la mais rigorosamente creio que eventualmente poderei criar uma Era mais apropriada para emigração. Por enquanto vou construir um escritório e uma moradia para mim, para que eu possa conduzir minhas experiências com segurança e sem distração. Preciso admitir que estou orgulhoso do meu trabalho - somente de pensar que, em condições tão primitivas, eu consegui em vinte e nove anos o que os próprios D'ni levaram séculos para realizar.

Nota: consertar trajes exteriores para trabalhar neste mundo, talvez os óculos de proteção necessitem de novo desenho.

84.4.13. Eu comecei a construção de uma série de locais de ligação para cada ilha, que irão conectar Riven com meu novo escritório na Era 233º. O grupo de inspeção finalmente completou a posição dos locais para cada ilha - de acordo com minhas exatas especificações, e finalmente a instalação das cúpulas será realizada. Trabalhar na fonte de força central tirou, um pouco, meu receio de um mau começo, mas o andamento tem evoluído consideravelmente e acredito que não haverá mais atraso. Estou ansioso para finalmente ter um meio de transporte civilizado. Devido os contínuos distúrbios dos rebeldes, eu decidi instalar um sistema codificado em todas as cúpulas.

85.6.7. Peguei um dos meus assistente olhando neste diário hoje, estou feliz que decidi escrevê-lo numa língua que não pode decifrar. Nota: discutir segurança com cada Mestre de Guilda - não espero ter problemas com os Conservadores-Mantenedores, os Educadores, ou os Topógrafos, examinar os Contadores-Analistas, e os Construtores mais detalhadamente.

86.10.24. Hoje ouvi de alguns aldeões mais histórias de visões de espíritos, parece que, sob a liderança de Catherine, os rebeldes, ou Moiety Negro, como os aldeões insistem obstinadamente em chamá-los, conseguiram um novo nível de sofisticação em suas táticas de terror, e renovaram a sua campanha para intimidar os aldeões a se juntarem a eles, explorando as superstições que compartilham. Claro que os aldeões são suscetíveis a esta forma de coação - especialmente em função dos atos de vandalismo e furto que os rebeldes têm feito nos últimos tempos.

87.1.15. As armadilhas de sapos, este ano têm sido cada vez mais proveitosas: aparentemente o rompimento das ilhas não prejudicou os ecossistemas subterrâneos. Infelizmente, imagino que os rebeldes também estão tendo uma colheita generosa - não há falta de veneno para seus dardos nesta época do ano. Deixando tais assuntos mórbidos de lado, esse imprevisto me permitiu refinar um extrato especialmente agradável para  meu cachimbo, mais suave do que a dos outros anos.

87.3.29. A análise química de uma das facas dos rebeldes teve resultados curiosos: sua composição contém elementos que são diferentes de qualquer coisa já encontrada nas ilhas. Me pareceu que eles têm acesso a um recursos que me é desconhecido: talvez uma mina, ou uma ilha inexplorada. Nota: a maioria das facas foi encontrada no lado sul da aldeia. Essa área é a mesma onde houveram os relatórios de pessoas que desapareceram misteriosamente. Penso que uma investigação da área seja necessária. O fato de deixarem essas facas características como um sinal de sua presença me preocupa: estão ficando mais audazes, e parece que não temem mais a descoberta de seu esconderijo.


87.6.27. As últimas medições indicam que a recente tendência continua: o movimento das ilhas tem diminuído tremendamente. Meus antigos cálculos previam o colapso total em aproximadamente três meses, mas com os novos cálculos não tenho mais certeza. Quase terminei a Era 233º, e tenho toda a fé que será realmente um lugar seguro para nos emigrarmos, mas seria útil saber o que provocou a parado no colapso dessa Era. Será que ela é realmente estável? Se for, precioso saber como essa Era se diferencia de minhas tentativas menos bem sucedidas - minhas observações da Era 233º provaram ser inconclusivas até agora. Ou talvez alguém esteja consertando os danos feitos à Quinta Era? Se for seria certamente Atrus.

Relutante decidi abandonar minhas experiências sobre o comportamento da água dessa Era. Existem assuntos mais urgentes para eu me concentrar no momento, que me deixam com pouco tempo para pesquisas especulativas. Todavia, para minha referência fatura, minhas investigações até este ponto têm revelado o seguinte: acredito que as propriedades da água são provocadas por uma forma de vida que habita nela - especificamente um tipo de bactéria. Eu imagino um organismo matriz e unicelular, mas composto de estruturas capazes de conter um pouco de água, cujo efeito é unificado, através da tensão de superfície? ou uma força maior ainda...? Provoca o corpo composto de água a mover-se em reação ao calor. Parece que a exposição prolongada ao calor extremo - por exemplo, um período de ebulição prolongada - destrói a bactéria - explicando sua aversão dramática às fontes de calor. Infelizmente, essas teorias ainda não estão testadas, e fico sem saber tanto sobre sua profunda natureza quanto sobre suas possíveis utilidades.

87.7.6. Um desenvolvimento empolgante: ontem à noite, um esquadrão dos Conservadores-Mantenedores encontrou um explorador solitário dos rebeldes e obteve dele um aparelho bastante incrível - um cristal que alimenta de alguma forma os Livros de Ligação, como meu próprio sistema, mas com uma vantagem óbvia: é pequeno e pesa apenas alguns quilos, tornado-a completamente portátil. Catherine deve ter fabricado o aparelho antes de eu a capturar, obviamente com um esquema D'ni que ela deve ter trazido junto com ela à essa Era. Se eu pudesse ter tido acesso a tal documento ao menos uma vez em todos destes anos! Mesmo assim, agora posso me concentrar só na escrita das Eras, e não preciso mais me preocupar com a construção de fontes de energia elaboradas para cada Livro novo que escrevo. Todavia, isso será um lembrete de que tenho que continuar a procurar um caminho à D'ni. - recuperar o acesso aos recursos de lá talvez seja crucial para a realização de minha missão.


87.7.28. - Semana passada, quando estava observando a situação dos aldeões com o telescópio da minha sala de inspeção, vi um dos nativos nadar até um pequeno objeto que parecia estar flutuando, apesar de também parecer estar ancorado, perto da entrada da baía. Mandei o objeto ser tirado das águas para inspeção. No entanto, muitos dias depois fui surpreendido em ver um outro objeto flutuando no mesmo lugar, o objeto ausente tinha sido aparentemente e bastante misteriosamente reposto por um novo, de um dia para o outro. Há muito tempo que reconhecia a existência de objetos na ilha dos aldeões, mas prestava menos atenção neles até agora. Amanhã mandarei topógrafos para catalogar os outros... 

Templo de Gehn na Ilha Templo. MYST II Riven.

  • Observações sobre o Diário. 

Neste Diário é possível vislumbrar alguns aspectos da personalidade de Gehn. Antes de tudo é possível notar que ele é um homem extremamente vaidoso com suas convicções e nunca admitirá que está errado. Ele frisa muito bem o orgulho que sente da tecnologia superior dos D'ni, mesmo não sendo totalmente D'ni e nem ao menos conhecendo profundamente do que fala. Outra faceta interessante é que ao mesmo tempo que ele teme a Fenda Estelar, ela é a única saída dele para libertar-se de Riven. Contudo ele não tem coragem suficiente para enfrentar seu maior temor, morrer, e ainda por cima perder seu protetorado a Quinta Era.

Mesmo criando a Era 233º para que ele possa escapar de Riven, ele gera em torno da emigração dos habitantes não um ato de boa fé, e sim, um meio de transportar os seus plebeus e força de trabalho escrava para junto de si em um novo mundo. Certamente muitos iriam morrer vivendo na Era 233º.

Mas não podemos negar a considerável energia gasta por Gehn na confecção da Era 233º, sua última esperança para retirá-lo do exílio. Neste ponto fica claro a sua falta de perícia para criar um Livro de Ligação. Até mesmo Catherine, que ele julga inferior, foi capaz de criar uma Era com parcos materiais no pouco tempo que esteve em Riven, mas Gehn ao contrário de Catherine, passou grande parte do seu tempo culpando os recursos de Riven ou seus subordinados por seu fracasso contínuo. Então é fácil entender as frases de Atrus a respeito de seu pai, quando este diz que Gehn nunca mostrou responsabilidade e cuidado com as coisas que criou. Realmente Gehn é mais diabólico ainda ao ver-se como um mártir e herói de todos os seus atos nefastos. Um típico psicopata livre de qualquer culpa. Mas Riven por ser um jogo espetacular precisava ter um alter-ego a altura da personalidade de Atrus e Gehn encarna este papel perfeitamente.

Neste diário é a primeira vez que tomamos conhecimento do povo de Keta, a mãe de Atrus, que morreu no parto. Gehn cita Amad. Ele não deixa claro onde é este lugar, mas pelo relato parece tratar-se de uma Era criada pelos D'ni para servir como fonte de recursos naturais ou área de recreação.

A última parte do Diário guarda uma curiosidade. A folha que fala do objeto encontrado boiando, ou ancorado em frente a baia dos aldeões na Ilha Selva, parece migrar de lugar em duas versões do jogo. Na versão nacional ela está dentro do Diário de Gehn em cima da mesa, sendo então a última página do Diário. No entanto, na versão internacional do jogo a página está em cima da mesa, próximo a esfera de madeira que representa o número Cinco e está ligada ao animal Peixe, no quebra-cabeças que leva até a Era Moiety. No caso da arma de Gehn, ela também aparece e desaparece durante o jogo. Ao entrar no laboratório a arma está acima da mesa, mas quando voltamos ao mesmo lugar, a arma desapareceu. Veja imagens abaixo. 


Estas três imagens demonstram as alterações realizadas nos jogos. A primeira imagem é do jogo internacional, com a folha de papel solta a esquerda e sem a arma e depois com a arma a direita sobre a mesa. E a terceira imagem é do jogo nacional com a arma a direita, porém sem a folha solta sobre a mesa.

  • Diário de Gehn: 

Este Diário é uma fonte importante de informação sobre a personalidade de Gehn e seus interesses. Podemos ler este diário no jogo MYST II Riven. As informações são abundantes, e o Diário constituí material de suma importância para resolver os diversos quebra-cabeças do jogo. O melhor de tudo é poder entender a relação entre Gehn e Atrus, ler sobre as reais intenções de Gehn e algumas particularidades sobre MYST II Riven.


Comentários por: Drica Portes.

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